A substituição de combustíveis fósseis por combustíveis derivados de resíduos (CDR) é uma das áreas com maior crescimento no setor da valorização energética, especialmente quando a reciclagem já não é viável — seja por esgotamento do ciclo de vida do produto, seja pela complexidade dos materiais que o compõem.

Fluxos como plásticos mistos, têxteis e calçado em fim de vida, utilidades de papel-cartão, embalagens com películas de alumínio, frações não recicláveis de pneus ou madeiras de mobiliário são transformados em combustíveis alternativos para utilização nos fornos das cimenteiras.

Portugal é também destino de resíduos provenientes de outros países europeus — como o Reino Unido, Itália, Holanda, Espanha e Bélgica — encaminhados para reciclagem, preparação de CDR, valorização energética ou, em último caso, deposição em aterro.

Todo o processo de troca intercomunitária de resíduos obedece ao Regulamento Europeu n.º 1013/2006, com registo obrigatório numa plataforma eletrónica gerida pelas autoridades ambientais dos países envolvidos — sendo a Agência Portuguesa do Ambiente a entidade competente em Portugal.

Para garantir rastreabilidade e conformidade, a AVE recorre a entidades independentes, como a SGS, para validar a tipologia e a qualidade dos resíduos à origem, através de amostragem e análises laboratoriais certificadas.

A AVE assegura o fornecimento de resíduos para a produção de combustíveis alternativos utilizados nos fornos das seis cimenteiras em Portugal continental.

Com base nas melhores práticas de preparação, análise e coprocessamento, temos vindo a contribuir significativamente para os objetivos climáticos: evitámos mais de 3 milhões de toneladas de emissões de CO₂ e poupámos mais de 2 mil milhões de toneladas de combustíveis fósseis. Os resíduos importados representam cerca de um terço deste impacto.

Este impacto é partilhado por todos: ambiente, empresas, cidadãos e pelo próprio País.