A AVE – Gestão Ambiental e Valorização Energética apresentou o estudo “13 anos de Coprocessamento em Portugal” no dia 29 de novembro 2018, no Centro Cultural de Belém e contou com a presença do Senhor Secretário de Estado do Ministro do Ambiente, Eng.º Carlos Martins.
A AVE faz a prospeção, monitorização, avaliação e gestão de resíduos para o coprocessamento das cimenteiras em Portugal e apresentou o estudo na presença do Senhor Secretário de Estado do Ambiente, da 3Drivers, consultora com quem realizou o estudo em parceria, e de cerca de uma centena de pessoas em representação de mais de 50 entidades do sector.
As primeiras conclusões do estudo dizem que o impacto do coprocessamento em Portugal reduziu nos últimos 13 anos CO2 equivalente à substituição de 86 mil carros a gasóleo por carros elétricos. Desde 2005, período em que este processo começou a ser utilizado pelas cimenteiras portuguesas, o consumo anual de combustíveis e matérias primas alternativas aumentou de 42 mil toneladas para cerca de 300 mil toneladas, uma subida superior a 600%. Até 2023, estima-se que a atividade do coprocessamento permita evitar em média, cerca de 543 mil toneladas de CO2 por ano, o que pode levar a menos 3,3 milhões de toneladas até 2023.
Dr. Luís Realista, Administrador da AVE, salienta que “é importante olhar para os últimos 13 anos de atividade e perceber o contributo dado para uma utilização cada vez mais eficiente de materiais com baixo potencial de reciclagem. Mas mais do que isso, continuar a contribuir para a melhoria económica e ambiental e este estudo olha para o futuro do coprocessamento. Este processo, que permite valorizar resíduos sem potencial de reciclabilidade, já contribuiu com cerca de 4,0 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto para a economia nacional e na criação de 110 empregos no último ano, assim como permite prolongar o ciclo de vida dos resíduos, tendo sido um aliado na redução de custos operacionais e do impacto ambiental na indústria cimenteira.
Alguns países europeus têm vindo a reconhecer que os resíduos industriais ou urbanos têm uma componente energética e material que pode ser utilizada como alternativa aos recursos naturais e aos processos de tratamento dedicado, como incineradoras e aterros, cujos custos são significativamente mais elevados face ao coprocessamento.
No entanto, apesar do reconhecimento das vantagens deste processo, o baixo custo da utilização dos aterros em Portugal continua a incentivar o uso destas estruturas.
O estudo permitiu refletir sobre os últimos 13 anos, mas acima de tudo irá servir para traçar o futuro do coprocessamento. Uma das metas é posicionar este processo na hierarquia dos resíduos entre a reciclagem e a valorização energética.
Num futuro próximo, a capacidade dos aterros existentes deve esgotar-se o que, aliado às restrições à utilização destes espaços previstas na regulamentação europeia, pode vir a incentivar ainda mais o uso de soluções mais custo-eficientes, como o coprocessamento que tem sido reconhecido com uma estratégia vencedora para todas as partes, uma vez que oferece uma solução competitiva para o sector do cimento em termos ambientais, económicos e sociais.
Com as cimenteiras a defender o papel fulcral do coprocessamento por forma a alcançar metas ambientais e económicas, o futuro deverá passar em grande parte pela descarbonização do sector.
As estratégias para o sector, envolvendo o aumento do consumo de combustíveis alternativos ou a melhoria da eficiência térmica e elétrica no processo de produção de cimento, podem ser facilmente alicerçadas numa utilização ainda mais acentuada do coprocessamento para produção de combustíveis e matérias-primas alternativas.
Atualmente, as cimenteiras nacionais têm uma taxa de substituição térmica de cerca de 35%, mas a AVE estima que este número deve chegar aos 56% nos próximos 5 anos. Este aumento deverá ajudar a evitar a emissão de 480 mil toneladas de CO2 por ano. Até 2023, estima-se evitar em média, cerca de 543 mil toneladas de CO2 por ano, o que vai evitar a emissão de 3,3 milhões de toneladas de gases com efeito de estufa.

